sábado, 17 de janeiro de 2009

Sentimentos de Ricardo Reis


Ricardo Reis é um poeta de formação clássica, de serenidade epicurista, "pagão por carácter", segue Caeiro no amor da vida rústica, junto da natureza, junto á terra que nos dá frutos e que nos sustenta.
Ricardo Reis aceita com calma a lucidez, a relatividade e a fugacidade das coisas, como o demonstra no poema “ Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do Rio”. Mas, enquanto o Mestre, menos culto e complicado pretende ser ou chega a ser um homem franco e alegre. Reis é um ressentido que sofre e vive o drama da transitoriedade doendo-lhe o desprezo dos deuses.
A filosofia de Ricardo Reis é a de um epicurista triste, pois defende o prazer do momento (Carpe Diem) como o caminho para a felicidade, contudo, aflige-se com a imagem antecipada da Morte e a dureza do Fado.
Apesar deste prazer na procura pela felicidade que deseja alcançar, considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade, ou seja, sente que tem de viver em conformidade com as leis do destino. Sendo assim Reis um poeta lúcido e cauteloso, constrói, para si a urna da felicidade - relativa, mista de resignação e moderado gozo dos prazeres que não comprometam o seu interior.
Para finalizar, podemos concluir que através da intemporalidade das suas preocupações, a angústia da brevidade da vida, a inevitável Morte e a interminável busca de estratégias de limitação do sofrimento que caracteriza a vida humana, Reis tenta iludir o sofrimento resultante da consciência aguda da precariedade da vida.
Excertos de Ricardo Reis:
"Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.” (1914)
"Ah! sob as sombras que sem querer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez" (1916)


Fonte:Http://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Reis

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