sábado, 14 de fevereiro de 2009

O meu encontro com Caeiro


Acordei de manhã e olhei para o relógio. Estava atrasada, levantei rapidamente e fui me vestir, sai de casa a correr em direção a rua. Apressada para ir ao encontro de Caeiro corria ao longo das ruas para chegar ao jardim. Quando cheguei estava ele sentado num banco a olhar para as árvores, aproximei-me e disse cansada:
- Bom dia Caeiro desculpa ter me atrasado.
- Bom dia! Porque corres tanto?
Perguntou sorrindo.
- Para não te fazer esperar.
- Esperar?Claro que não. Estava bem acompanhado e chegaste mesmo a tempo de ve-las desabrochar.
- Desabrochar? A quê te referes Caeiro?
- As flores! Já olhaste a tua volta? Observa, sente este pedaço de natureza a tua volta.
- Não estou a perceber, eu já estou a olhar e não vejo nada de especial, só estou preocupada com o que irei fazer na semana que vem.
- Não. Não deves pensar em problemas e questões que te vão incomodar, vive o teu presente agora, desfruta das maravilhas a tua volta.
- Caeiro como podes estar tão descontraído? Não tens problemas para resolver? Como é que não pensas no dia de amanhã?
- Eu não penso sinto. Vivo o presente e não o futuro porque se pensar no futuro não viverei o presente e problemas também os tenho como toda a gente, mas espero a solução, não penso em uma solução. Tu já paraste e olhaste para o céu? Já observaste alguma coisa que se encontra em teu redor?
- Bem sinceramente nunca tinha pensado nisso.
- Vês, aí está o teu problema. Para de pensar! Apenas sente o que te envolve e dá o teu melhor no presente, o futuro vem a seu tempo.
- Mas isso é muito difícil. Hoje em dia há tanta coisa para fazer, para resolver que não tenho tempo para olhar a minha volta.
- Eu compreendo que é difícil para ti que tens uma vida corrida, ao contrário de mim que sou um simples guardador de rebanhos. Mas é mais simples do que imaginas, senta aqui e experimenta usar os teus sentidos.
Sentei-me ao lado de Caeiro e fiquei com um olhar desconfiado e a ouvi-lo, pensava que aquilo não fazia nenhum sentido.
- Vá, agora descontrai e não penses em nada, fecha os olhos e respira fundo……….ouve os pássaros que cantam e voam a tua volta.
Já descontraída comecei a prestar atenção aos sons que ouvia.
-Mas que bela melodia nunca tinha reparado que haviam pássaros que cantavam assim.
-Agora sente a brisa suave que passa por nos carregando o perfume das flores do jardim.
Respirei fundo e senti um leve e doce aroma de flores frescas acabadas de nascer. Nesse momento Caeiro pegou na terra do jardim e pousou na minha mão. Assustei-me pois ainda tinha os olhos fechados.
- O que é isso Caeiro?
-Calma usa o teu tacto para descobrir.
Caeiro pegou-me na mão e abriu-a pondo novamente um pouco de terra do jardim.
-Então o que sentes?
-hmm…bem, acho que é terra húmida.
-Sim é. É a terra que sustenta toda a natureza ao teu redor, que da abrigo aos animais e ao homem, que faz parte de ti e que compõe o mundo.
Nesse momento comecei a perceber o que Caeiro queria dizer. Os meus sentidos estavam mais que apurados e sentia toda a natureza a minha volta mesmo com os olhos fechados.
-Bem acho que já estas pronta para observar o mundo a tua volta. Abre os olhos e agora olha.
Assim que Caeiro acabou de falar abri os olhos calmamente e olhei ao meu redor. Vi os raios de sol passando por entre as arvores e iluminando um tapete de flores coloridas que balançavam com a leve brisa que soprava, vi os pássaros voando e cantando por entre as árvores grande e formosas, com folhas grandes e verdes que muito raramente caiam, vi uma fonte cheia de agua que refletia a luz do sol, que matava a sede dos pássaros e acolhia os peixes que por lá nadavam, vi a terra por baixo dos meus pés que chegava a mexer com tanta vida, vi ate formigas andando apressadas com folhas grandes as contas e por fim olhei o céu límpido azul com algumas nuvens pequeninas brancas que por la passavam.
-Agora já percebes o que eu digo?
Fiquei uns minutos de boca aberta a admirar o que vi de ante de mim e depois respondi.
- Sim tens toda a razão agora eu percebo-te. Como é que eu nunca tinha reparado em tamanha beleza?
-Bem, não és a única que não repara na natureza, normalmente as pessoas estão tão preocupadas com os seus problemas, com o futuro e com o que irão fazer amanhã, que acabam não vivendo o hoje e não aproveitando nem reparando no que têm de bom a sua volta.
-Tens toda a razão, a partir de hoje vou ser como tu!
Caeiro sorriu e disse.
-Fico orgulhoso por gostares da minha maneira de ver a vida, espero que te tenha conseguido ajudar.
-Ajudaste imenso. Se não fosses tu acho que neste momento ainda estaria stressada a pensar nos problemas que tenho de resolver.
Ah! E é verdade, não tínhamos que ir a Brasileira encontrar com o Pessoa?
-Não fica para outro dia, ele deve ter ido a procura da Ofélia.
- Bom se é assim, acho que vou ficar aqui mais uns minutos a admirar a natureza antes de ir embora.
-E eu faço te companhia.
Assim ficamos os dois em silêncio no banco do jardim, apenas a ouvir o barulho dos pássaros que caçavam pequenos insectos para alimentar os filhotes no cimo das árvores e a partir daquele dia nunca mais andei stressada com a vida.

1 comentário:

Anónimo disse...

É uma boa ficção em torno do Caeiro.


Devias fazer uma revisão dos textos antes de os colocares: ao nível da ortografia, pontuação e acentuação.